Visita à paróquia de Nossa Senhora de Coromoto 13/3/1981
São João Paulo II
Roma, 15 de março de 1981 *
Detendo-se brevemente com os membros da associação de bochistas, constituída recentemente para ajudar, principalmente, os anciãos da região, João Paulo II chegou de novo à igreja onde o pároco lhe apresentou as comunidades neocatecumenais que, desde há alguns anos, estão inseridas na vida da paróquia.
“Este é o grupo dos irmãos do Caminho Neocatecumenal – disse monsenhor Gulizia. Juntamente com eles está a equipe de catequistas provenientes da paróquia dos Mártires Canadenses que, em janeiro de 1970, vieram à nossa paróquia para iniciar a catequese para o Caminho Neocatecumenal. Passaram-se 11 anos, Santo Padre, e podemos dizer que depois de vários acontecimentos, sofrimentos e alegrias, este Caminho se concretiza, permanecendo firme o amadurecimento deles no caminho da fé, no serviço também às necessidades da paróquia. Estão presentes os sacerdotes itinerantes e também um numeroso grupo de catequistas que preparam os jovens para a Confirmação, porque este setor, juntamente com aquele da preparação para o Batismo e com o da catequese para os noivos, está confiado a estes irmãos. Santo Padre, esta é a realidade da nossa comunidade paroquial, é um dos sinais de comunhão eclesial para construir o Reino de Deus em nossa paróquia.”
A alegria e a gratidão de poder encontrar mais uma vez o Papa que, já em outras visitas pastorais, teve a oportunidade de conhecer as comunidades neocatecumenais, foram expressas em nome de todos os presentes por Giampiero, catequista na paróquia de Nossa Senhora de Coromoto.
“É uma grande alegria para nós – disse entre outras coisas – vê-lo aqui, especialmente depois da homilia que nos dirigiu hoje. O senhor terminou-a com uma pergunta: “Onde estão os colaboradores do bispo para a evangelização?” Então, nós estamos aqui para lhe dizer que estamos prontos para responder ao seu chamado. Em particular, queremos lhe apresentar a primeira comunidade que em breve começará a ir pelas casas de dois em dois para anunciar com simplicidade e humildade o Reino de Deus: Jesus Cristo a todos os habitantes do bairro.
É fundamental – disse ainda Giampiero – anunciar ao homem de hoje a Boa Notícia do Evangelho, o amor de Deus que se manifesta na Cruz de Jesus Cristo, mostrando-se como aquele que ama os pecadores. O mundo de hoje não crê mais que é Deus quem toma a iniciativa como em Abraão. O homem de hoje não acredita mais, pensa que é ele que dá o primeiro passo. Portanto – disse o catequista, concluindo – é necessário voltar a anunciar a este mundo o amor de Deus. Isso é fundamental anunciar, caso contrário todo o Evangelho se perde se não se anuncia o amor aos pecadores. Mas como podemos anunciar isso? Como podemos ser testemunhas se não somos enviados? Como podemos ser enviados se não fizemos antes a experiência de Jesus Cristo? Então é importante abrir no interior da paróquia um caminho em que cada um possa ser gestado progressivamente na fé e em que sua fé finalmente possa se tornar missionária, testemunho perante o mundo.” Depois de Giampiero, outros dois catequistas contaram ao Papa as suas experiências de pastoral junto com as famílias, indicando as dificuldades que se interpõem ao anúncio da mensagem cristã nesta nova forma, mas demonstrando também o entusiasmo que os anima.
O Santo Padre respondeu dizendo dentre outras coisas:
“Desejo-vos que cresçais nesta experiência viva do vosso Batismo. Vossos testemunhos são sempre muito interessantes porque provêm de uma experiência vivida, vivida interiormente, pessoalmente, de uma experiência puramente religiosa, evangélica. Quero abençoar os vossos grupos e o vosso Caminho Neocatecumenal, que é caminho vosso, mas também caminho ao encontro dos outros. Abençoando a todos vós aqui presentes, quero abençoar também todos aqueles em cujas portas vós ireis procurar acolhida; acolhida para a vossa palavra, para a vossa missão catequética. Eu vos abençoo de coração e desejo que cresçais nesta fé, nesta experiência vivida do vosso Batismo. Nós, como nos diz também São Pedro, devemos nos comportar um pouco como recém-nascidos, crianças, e devemos nos comportar deste modo durante toda a vida, porque o Batismo determina toda a nossa vida com um dom, um dom incompreensível: o dom da filiação divina, o dom de sermos semelhantes ao Filho de Deus, filhos de Deus, filhos no Filho. Esta é a boa notícia: o Evangelho. Viver isto e torná-lo vivo aos outros é difundir o Evangelho”.
(*) Cfr. «L’Osservatore Romano», 16-17 março 1981.