Discurso pelos quarenta anos do início do Caminho 10/01/2009
Bento XVI
Basílica de São Pedro, 10 de janeiro de 2009
No dia 10 de janeiro de 2009, na Basílica de São Pedro, transbordando de irmãos das comunidades, com um breve, mas solene ato, foi celebrado os 40 anos do Caminho Neocatecumenal na diocese de Roma. O Santo Padre estava acompanhado do cardeal vigário Agostino Vallini e do cardeal Stanisław Ryłko, presidente do Pontifício Conselho para os Leigos. Na Basílica, entre outros, encontrava-se o prefeito do Culto, cardeal Antonio Cañizares. No início do ato presidido pelo Santo Padre Bento XVI, Kiko apresentou a todos os presentes a primeira comunidade da paróquia de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento e Santos Mártires Canadenses, que completa 40 anos de Caminho; a primeira comunidade da Bonne Nouvelle de Paris; as 14 “communitates in missionem” de Roma que partem para as periferias mais difíceis da diocese; as 14 “missio ad gentes” que irão para os cinco continentes; as 200 novas famílias que partem em missão a vários lugares do mundo; os 700 catequistas itinerantes responsáveis do Caminho Neocatecumenal nas nações; as 500 comunidades presentes em 103 paróquias da diocese de Roma. Após, teve lugar a solene proclamação do Evangelho de Mt 10,5-42, feita pelo Padre Mario, e a continuação do discurso do Papa. Depois do discurso, o Santo Padre abençoou e entregou o crucifixo àqueles que saiam para a missão. Depois da oração do Pai-Nosso e de uma monição de Carmen Hernández, que quis recordar os Papas que marcaram a história do Caminho ─ desde Pio XII, pela renovação litúrgica, a João XXIII, pelo Concílio, a Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II ─ com as Congregações que nos acompanharam de perto e os cardeais Paul Cordes e Stanisław Ryłko, toda a assembleia cantou solenemente o “Te Deum” em agradecimento.
O Papa se dirigiu aos presentes com as seguintes palavras:
Queridos irmãos e irmãs: É com grande alegria que vos recebo em tão grande número no dia de hoje, por ocasião do 40º aniversário do início do Caminho Neocatecumenal em Roma, que conta atualmente com 500 comunidades. A todos vós a minha cordial saudação. De modo especial saúdo o cardeal Vigário, Agostino Vallini, como também o cardeal Stanisław Ryłko, presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, que com dedicação vos acompanharam no itinerário de aprovação dos vossos Estatutos. Saúdo os responsáveis do Caminho Neocatecumenal: o senhor Kiko Argüello, a quem agradeço cordialmente pelas palavras entusiasmadas e entusiasmantes com que se fez intérprete dos sentimentos de todos vós. Saúdo a senhora Carmen Hernández e Padre Mario Pezzi. Saúdo as comunidades que partem em missão às periferias mais necessitadas de Roma, aqueles que vão em “missio ad gentes” nos cinco continentes, as 200 novas famílias itinerantes e os 700 catequistas itinerantes responsáveis do Caminho Neocatecumenal nas várias nações. Obrigado a todos vós. O Senhor vos acompanhe.
Este nosso encontro se realiza significativamente na Basílica Vaticana construída sobre o sepulcro do apóstolo São Pedro. Foi precisamente ele, o Príncipe dos Apóstolos, que, respondendo à pergunta com que Jesus interpelava os Doze sobre a sua identidade, confessou com ímpeto: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16). Hoje estais aqui reunidos para renovar esta mesma profissão de fé. A vossa presença, assim tão numerosa e animada, dá testemunho dos prodígios realizados pelo Senhor no período de quatro décadas; ela indica também o compromisso com que pretendeis continuar o caminho iniciado, um caminho de seguimento fiel de Cristo e de testemunho corajoso do seu Evangelho, não somente aqui em Roma, mas onde quer que a Providência vos conduza; um caminho de dócil adesão às diretrizes dos Pastores e de comunhão com todos os outros componentes do Povo de Deus. Vós pretendeis fazer isso, bem conscientes de que ajudar os homens deste nosso tempo a encontrar Jesus Cristo, Redentor do homem, constitui a missão da Igreja e de cada batizado. O “Caminho Neocatecumenal” insere-se nesta missão eclesial como uma das numerosas vias suscitadas pelo Espírito Santo com o Concílio Vaticano II para a nova evangelização.
Tudo começou aqui em Roma, há 40 anos, quando na Paróquia dos Santos Mártires Canadenses foram formadas as primeiras comunidades do Caminho Neocatecumenal. Como deixar de bendizer o Senhor pelos frutos espirituais que, pelo método de evangelização por vós levado a cabo, puderam ser recolhidos nestes anos? Quantas novas energias apostólicas foram suscitadas, tanto entre os sacerdotes como entre os leigos! Quantos homens e mulheres e quantas famílias que estavam afastadas da comunidade eclesial ou tinham abandonado a prática da vida cristã, pelo anúncio do “kerigma” e do itinerário de redescoberta do Batismo, foram ajudados a reencontrar a alegria da fé e o entusiasmo do testemunho evangélico! A recente aprovação dos Estatutos do “Caminho” por parte do Pontifício Conselho para os Leigos veio selar a estima e a benevolência com que a Santa Sé acompanha a obra que o Senhor suscitou por meio dos vossos iniciadores. O Papa, bispo de Roma, agradece pelo generoso serviço que prestais à evangelização desta cidade e pela dedicação com que vos prodigalizais por levar o anúncio cristão a todos os seus ambientes. Obrigado a todos vós.
A vossa ação apostólica, já tão benemérita, será ainda mais eficaz na medida em que vos esforçardes por cultivar constantemente aquele anseio pela unidade que Jesus comunicou aos Doze durante a Última Ceia. Ouvimos o canto: antes da Paixão, com efeito, o nosso Redentor rezou intensamente para que os seus discípulos fossem uma só coisa, de modo que o mundo pudesse ser impelido a crer n’Ele (cfr. Jo 17,21), porque tal unidade só pode vir da força de Deus. É esta unidade, dom do Espírito Santo e busca incessante dos fiéis, que faz de cada comunidade uma articulação viva e bem inserida no Corpo místico de Cristo. A unidade dos discípulos do Senhor pertence à essência da Igreja e é condição indispensável para que a sua ação evangelizadora seja fecunda e crível. Sei com quanto zelo as comunidades do Caminho Neocatecumenal estão trabalhando em 103 paróquias de Roma. Enquanto vos encorajo a prosseguir neste empenho, exorto-vos a intensificar a vossa adesão a todas as diretrizes do cardeal vigário, meu colaborador direto no governo pastoral da diocese. Obrigado pelo vosso “sim”, que obviamente vem do coração. A inserção orgânica do “Caminho” na pastoral diocesana e a sua unidade com as outras realidades eclesiais irão beneficiar todo o povo cristão e tornarão mais frutuoso o esforço da diocese em vista de um renovado anúncio do Evangelho nesta nossa cidade. Com efeito, hoje há a necessidade de uma vasta ação missionária que envolva as diversas realidades eclesiais que, mesmo conservando cada uma a originalidade do próprio carisma, trabalhem em conjunto procurando realizar aquela “pastoral integrada”, que já permitiu alcançar resultados significativos. E vós, colocando-vos com plena disponibilidade a serviço do bispo, como recordam os vossos estatutos, podereis servir de exemplo para muitas igrejas locais que olham justamente para a Igreja de Roma como modelo a ser seguido.
Há um outro fruto espiritual amadurecido nestes 40 anos pelo qual, juntamente convosco, gostaria de dar graças à Providência divina: é o grande número de sacerdotes e de pessoas consagradas que o Senhor suscitou nas vossas comunidades. Muitos sacerdotes estão comprometidos nas paróquias e em outros campos de apostolado diocesano; muitos são missionários itinerantes em várias nações: eles prestam um generoso serviço à Igreja de Roma, e a Igreja de Roma oferece um precioso serviço à evangelização do mundo. É uma verdadeira “primavera de esperança” para a comunidade diocesana de Roma e para a igreja universal! Agradeço ao reitor e aos seus colaboradores do Seminário Redemptoris Mater de Roma pela obra educativa que eles levam a cabo. Todos nós sabemos que a tarefa deles não é fácil, mas muito importante para o futuro da Igreja. Portanto, encorajo-os a prosseguir nesta missão, seguindo as diretrizes formativas propostas tanto pela Santa Sé como pela diocese. O objetivo que os formadores devem ter presente é o de preparar presbíteros bem inseridos no presbitério diocesano e na pastoral tanto paroquial quanto diocesana.
Queridos irmãos e irmãs, o trecho do Evangelho que foi proclamado evocou-nos as exigências e as condições da missão apostólica. As palavras de Jesus, que nos foram referidas pelo evangelista São Mateus, ressoam como um convite a não desanimar perante as dificuldades, a não procurar sucessos humanos, a não temer as incompreensões e até mesmo as perseguições. Pelo contrário, encorajam a depositar a confiança unicamente no poder de Cristo, a tomar a “própria cruz” e a seguir as pegadas do nosso Redentor que, neste tempo natalício já para terminar, apareceu a nós na humildade e na pobreza de Belém. A Virgem Santa, modelo de cada discípulo de Cristo e “casa da bênção”, como cantastes, vos ajude a realizar com alegria e fidelidade o mandato que a Igreja vos entrega com confiança. Ao mesmo tempo em que vos agradeço pelo serviço que prestais à Igreja de Roma, asseguro-vos a minha oração e, de coração, abençoo os que estão aqui presentes e todas as comunidades do Caminho Neocatecumenal espalhadas pelo mundo inteiro.